terça-feira, 18 de novembro de 2008

(Des)amor

"Amar, é ver-se como um outro ser nos vê, é estar apaixonado pela nossa imagem deformada e sublimada"

In Um Americano Tranquilo Greene, Graham

A Yang disse-me uma vez, talvez não de forma clara e directa, mas de forma camuflada por entre as palavras, que os outros nos amam pela forma como os fazemos sentir. Ontem, a Miss, noutro contexto, dizia-me exactamente o mesmo. No fundo, amamos e somos amados, não por nós nem pelo outro. Não porque sou "eu" ou "tu" e porque cada pronome encerra uma individualidade sem comparação e passível de ser amada por si só. O que amamos é a imagem que tomamos aos olhos do outro. É o reflexo nesse espelho que nos encanta e que nos rende e que nos torna irremediavelmente egoístas!

Já alguém amou para além de si algum dia? Lord George Byron dizia que na sua primeira paixão a mulher ama o amante; em todas as outras o que ama é o amor. Talvez o único amor possível seja o primeiro. E porque nos outros o que amamos é o amor e não o amante, dependemos mais do que nunca dos seus olhos para nos vermos. Ficamos presos, acorrentados e cegos, totalmente subordinados à sua visão.

E se entre o egoísmo e a dependência nos cruzarmos com a liberdade, então talvez o Amor aconteça!

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