segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Paraxodos - Parte II

Há uns dias a Yin perguntava "como é possível gostar e não gostar em igual medida?".
A verdade é que é mesmo possível. Mesmo nas relações.
É possível que uma pessoa nos faça sentir tão bem e especial em algumas coisas e, ao mesmo tempo, tão mal e worthless noutras? Sim, é possível.
Numa relação podemos sentirmo-nos tão completas e preenchidas em muita coisa e, ao mesmo tempo, tão vazias noutras.
Confesso que tenho dificuldade em lidar com isso. Para mim, não há nada pior numa relação do que sentir-me sem valor, sentir que a nossa relação não tem nada de especial em relação às anteriores. Que continuam a existir as mesmas dúvidas, as mesmas incertezas, os mesmos medos, as mesmas sensações. A pessoa é diferente, mas o que sentimos é o mesmo.
Já me disseram que sou uma insatisfeita. Talvez seja. Mas nunca me vou contentar com um "suficiente", com um " é real", "gosto e ponto final". Preciso de sentir que, dentro de tudo o que o outro sente por mim, há qualquer coisa que nunca tinha sentido antes. Tenho de saber que, nalguma coisa que eu o faça sentir, eu sou única. Que não existiu ninguém que o fizesse sentir o mesmo.
Ilusão? Talvez. Exigente demais? Provavelmente. Mas eu nunca disse que não o era.
Há quem diga que é do signo. Como boa Virgem que sou, não dou lá muito para o românticazinha, nem para os contos de fadas e castelos no ar, mas tenho uma coisa igualmente tramada: o perfeccionismo. E parece que ando sempre à procura dele. Claro que em vão, uma vez que tal maravilha não existe. É como uma busca pelo Santo Graal: não há maior perda de tempo!
Talvez isso me leve à insatisfação, ao querer sempre mais e melhor. Em tudo na vida. Relações inclusivé.
Mas, temos pena, esta sou eu. E eu preciso de sentir que "encho" o outro, da mesma forma como ele me enche a mim. Preciso de saber que, naquele momento, eu sou "a tal". Mesmo que no momento a seguir já não o seja.
Só desta forma consigo olhar para o outro com os olhos a brilhar e entregar-me com tudo aquilo que sou e que tenho para dar. Só assim consigo afirmar, "neste momento, eu sou tua".

"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito."
"Livro do Desassossego", Fernando Pessoa

2 comentários:

Buttafly...fly...fly... disse...

Eu não sou Virgem de signo tal como tu, mas partilho de muitas destas opiniões... Perfeccionista, insatisfeita, sempre à espera do momento zen e de mais... [e gosto deste blog, pronto!]

;)

MiSs Detective disse...

sei. e é fodido!