quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"há muita gente que não tem, não sabe, em quem votar"

Da entrevista de ontem do Manuel Alegre, a frase que, para mim, ganhou maior destaque foi esta.
Muito se pode discutir e criticar sobre a "alternativa à esquerda" que Alegre pretende encabeçar. Seja ela, ou não, materializável num novo partido político, ou apenas um movimento de reflexão e discussão, pode-se apontar muitas críticas e levantar muitas dúvidas. Mas, numa coisa, o Alegre está mais do que certo. Vivemos numa altura política fraca e sem expressão, incapaz de fazer com que os cidadãos se identifiquem com as forças políticas.
Temos uma direita interesseira, ultrapassada e velha. E uma esquerda sem o mínimo de credibilidade, um anti-poder, caratcterizada apenas por contestação sem efeitos práticos. E depois temos um centro que se confunde cada vez mais e que Alegre tem toda a razão ao dizer que os partidos que o compõem estão cada vez mais parecidos.
Vejamos:
- O CDS-PP ainda ontem perdeu 7 figuras, algumas delas de grande peso. Já ninguém aguenta aquela hipocrisia do Portas, que se "vende" consoante os seus interesses. Ou seja, a direita está cada vez mais afastada dos ideais actuais deste partido e, sobretudo, do seu líder.
- O PSD é aquilo que já se sabe. Está dividido internamente e tem uma líder incapaz de apresentar propostas e sem o mínimo jeito e carisma políticos.
- Temos um PS cada vez mais a virar à direita. Que se esquece do socialismo propriamente dito. E que está a cometer um grande risco de ser confundido com os grandes banqueiros e gente de poder (normalmente de direita).
- Um Bloco de Esquerda que é mais do mesmo. Contestação e não passa disso. Inconfiável para a governação.
- Um PCP velho, a cheirar a mofo, com militantes cada vez mais velhos. Incapaz de se inovar, de puxar as novas gerações. Sem réstias daquela força que o tornou herói nacional quando conseguiu deitar abaixo uma ditadura de mais de 3 décadas.
Perante isto, em quem votar? Em quem confiar para governar o país?
É triste não ver em ninguém, em nenhuma força política, a paixão pela política propriamente dita, pelos cidadãos, pelos ideais.
Estou a ler um livro de Irene Pimentel, uma biografia sobre um dos mais eficazes inspectores da PIDE do Estado Novo. E o que mais tem fascinado ao ler este livro, é a coragem, a força, a paixão, os "tomates" que aqueles militantes do PCP tinham e tiveram para lutar por aquilo que acreditavam para o país. Pondo em risco a sua vida, abdicando de família, de estabilidade. Tudo por um valor mais alto, por um ideal que tinham para as gerações futuras.
Seja à esquerda, ou à direita, já não existe nada disso.
Neste aspecto, admiro o Manuel Alegre e a sua "não desistência" pelos ideias em que acredita. A sua teimosia de pôr em prática os princípios que o apaixonaram na juventude, nunca desistindo deles.
Fico verdadeiramente triste por esta falta de expressão política. Por ver a grande maioria dos portugueses, sobretudo os da minha geração, a dizer "não percebo, nem quero saber nada de política. É tudo a mesma escória".
Se eu, uma jovem que não viveu nadinha da luta pela liberdade e pela queda da ditadura, sente isto...Imagino então quem viveu. A perfeita desilusão que este país se tornou.

Acho que nunca vou testemunhar uma força destas...


2 comentários:

Anónimo disse...

Nºao disse no meu, mas digo no teu:
PNR!

RM

Yang disse...

LOL! O PNR é mto bom!!Acho que tem ganho imensos simpatizantes...na cadeia!
;)